Sino dos ventos

quinta-feira, 26 de março de 2015

Então eu sempre fui muito magra. Em tempos onde não sabíamos o que era "bullying" , eu tinha apelidos muito engraçados: Olívia Palito, Garça, Tuiuiú, Pau de Virar Tripa, Magrela, Comprida....entre tantos. Uma coisa é certa, eu não morri e não me revoltei. Todos tínhamos algum tipo de apelido. havia o "gordinho", o "cabelo", o "Garricha", o "branquelo", a "bunduda", o "maluco", a "doida", o "Cascão", o "fumaça", o "quatro olhos", a "CDF" e por aí vai. Era uma infância sem qualquer tipo de maldade e, mesmo que tivesse aquele jeito malicioso de apontar os defeitos do colega, éramos amigos todos e nos divertíamos com isso. Quem nunca teve um amigo com apelido que levante a mão. Ninguém, não é mesmo?
Hoje eu estou bem acima do peso, estou mesmo gordinha e houve um momento em que fiquei muito triste e com a auto-estima em baixa, pois sentia saudade dos apelidos "carinhosos" quanto à minha magreza. Entretanto percebo que tudo ofende atualmente. As pessoas se ofendem por absolutamente tudo. Os preconceitos aumentaram em função das imposições comerciais e midiáticas. Quem disse que só magros são legais? Quem disse que olho azul é sinônimo de beleza? Quem disse que só os altos são mais elegantes? Eu sei quem disse: os limitados....os superficiais...
Sentindo hoje na pele a mudança do meu corpo pelo tempo entendo, finalmente, que há beleza em todas as fases porque a real beleza vem de dentro e isso não é papo de gordinha feiosa não. Quando a gente se ama a gente se aceita e consegue ser feliz acima, apesar e a despeito de tudo, portanto, bastante bem resolvida hoje com minha condição atual, não sinto mais saudade de ser chamada de Tuiuiú, sinto saudade só da leveza da época e não do corpo, porque a leveza da minha alma hoje é muito maior.
Quem tiver que nos amar nos aceitará como somos pois o que está fora é roupa emprestada. Cuidemos do corpo e da saúde no limite do bom senso, não nos privemos da felicidade por conta de um prazer da vida. O tempo atinge a todos. Uns são mais atingidos por ele, outros menos, mas por dentro todos temos as mesmas condições de evolução. As escolhas são pessoais. Eu escolhi hoje não ser mais uma Magrela feliz, mas sim, uma Gordinha Feliz. O importante é ser, estar e fazer feliz.



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